Um texto qualquer...

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DeathStalker
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Um texto qualquer...

Mensagem por DeathStalker »

Fala povo!! Esse é um texto que eu fiz outro dia (o tema tava quase pulando da minha cabeça, louco para ser escrito). Ignorem qualquer erro de português que encontrarem xD
Não tem título, quem quiser criar um, manda uma mp que depois eu vejo...


Sabe, quando a gente sobrevive a uma guerra, pensamos em coisas horríveis. Ouvi colegas dizerem que não conseguiam dormir pois reviviam cenas da guerra, presenciei soldados que lutaram comigo sendo internados naquelas clínicas para reabilitação, ouvi casos de pessoas que não agüentaram e se mataram, e ouvi pessoas que se arrependeram de terem participado. Acho que eu me enquadraria nesse último caso, só que com uma diferença: eu me arrependi enquanto guerreava, mas mesmo assim continuei lutando.
Quando estamos nas trincheiras, seja em Berlin, seja no gelo da Rússia, seja lá onde for, escutamos palavras de incentivo vindas de nossos comandantes. Palavras que nos dizem o quão importante é aquilo que estamos fazendo, o quanto é importante defender a liberdade do mundo, o quanto seremos lembrados quando aquilo terminar, as garotas que virão voando aos nossos braços quando chegarmos em casa. Pode parecer engraçado, e pensando bem é mesmo, mas essas palavras nos davam conforto. Nos davam algo pelo qual lutar. Deixavam nosso espírito de luta ligado. Talvez do outro lado, palavras semelhantes tenham sido ditas, pois guerreávamos com toda a nossa força. “É você ou ele no campo de batalha”, me diziam alguns irmãos combatentes. Sim, somos irmãos, pois quando estamos lá você só pode confiar neles, seus irmãos combatentes, soldados como você. Você protege sua retaguarda, e ele protege a sua. É assim na guerra, e devia ser assim fora dela: pessoas confiando em pessoas. Que pena que não é assim... Ah sim, desculpe, acabei me desviando um pouco do assunto. Perdoe esse velho por isso.
Pois bem. Era noite, e estávamos em uma trincheira que havíamos escavado naquela manhã. Por um momento, o tiroteio havia terminado, e alguns soldados jogavam uma partida de poker, apostando cigarros ou um pouco de conhaque. Fazia frio naquela região da Germânia. Os que estavam na vigília naquele turno estavam com grossos cobertores para se proteger do frio. Eu estava entre eles, e meu melhor amigo naquela guerra, John Scott, ao meu lado. John era um bom moço da Califórnia, alto, queimado pelo sol, olhos escuros e um cabelo loiro bem liso que, como eu costumava dizer para ele, parecia que sua mãe havia colocado uma cuia em sua cabeça e cortado o que sobrava. Dividíamos um pouco de café para nos proteger do frio e nos manter acordados. O céu estava limpo, as estrelas e a lua davam o ar da sua graça naquela noite. Não me lembrava de ter visto um céu daquele desde que desembarquei para aquela guerra. Definitivamente era uma bela imagem, o céu daquela noite. Você devia estar lá pra ver. Pensando bem, melhor não, pois você presenciaria o que aconteceu a seguir.
Bem, naquela noite, graças à iluminação dada pelo céu, podíamos enxergar bem. Foi então que eu vi, um grupo de soldados inimigos surgindo pelo nosso flanco. Parecia que haviam descoberto uma falha na nossa trincheira que não tínhamos descoberto. Scott deu o alarme, e o tiroteio recomeçou. Os inimigos estavam bem próximos à nossa trincheira, e não tinham vindo somente por uma direção. Não tardou para que tivéssemos nossa trincheira invadida. Ouvi o grito de alguns companheiros que caíam, enquanto nossos inimigos se infiltravam cada vez mais. Eu atirava nos que estavam por chegar, mas quando os tiros de dentro da trincheira começaram a ficar mais altos, eu e Scott decidimos ir ajudar nossos companheiros na trincheira. Um ataque surpresa bem planejado. Eles estavam em maior número, mas para o azar deles, éramos bons. O problema é que até os bons cometem erros.
Num momento de distração, fui pego de surpresa por um deles, quando estava fazendo uma curva. Sabe aqueles momentos em que parece que o tempo pára, ou que as pessoas dizem que vêem a vida passar por diante de seus olhos? Pois então, aconteceu um desses naquele momento. Enquanto eu via o rosto do meu futuro assassino, eu comecei a pensar. Não sobre minha vida, ou a mulher que eu deixara me esperando nos pântanos do Sul. Eu pensei sobre o sentido daquilo tudo. Aquela pessoa que estava na minha frente, com seu fuzil apontado para mim, o que será que ela pensava? O que eu estava fazendo naquela guerra? Por que estava matando pessoas que eu nunca havia visto o rosto? Seriam eles bichos-papões, que amedrontam nossas crianças a noite? E os bichos-papões das crianças deles? Seríamos nós? Será que aquele cara tinha família? Será que ele estava com medo? Será que, se tivéssemos nos conhecido em outra ocasião, seríamos amigos? Eu estava lutando por minha liberdade, mas e a liberdade dele? Se ambos queremos a mesma coisa, por que estamos lutando contra, e não juntos? Essas perguntas, e muitas outras, assolaram minha mente naquele breve segundo. Foi quando o vi cair, vítima do fuzil do bom John Scott que estava atrás de mim. Ele não disse nada, só seguiu em frente. Decidi fazer o mesmo.
Quando a manhã chegou naquele dia, tivemos outra batalha sangrenta no campo. Mesmo assim, as dúvidas que eu tive naquele momento ainda estavam vivas na minha mente. Por toda aquela guerra, a cada vez que uma bala de meu fuzil atravessava um inimigo, eu me fazia as mesmas perguntas. Fosse ele alemão, italiano, russo, japonês, vietnamita, coreano ou israelense, eu sempre me fazia a mesma pergunta: será que, se as circunstâncias fossem diferentes, nós seríamos amigos? Nunca obteria a resposta para essa pergunta. Mas, a cada vez que uma batalha terminava e eu caía exausto naquele campo sangrento, me levantava, e continuava a seguir em frente, as vezes olhando para trás.
Criança, nós não conseguimos seguir em frente se não olharmos para trás. Eu olhava para trás não para contemplar o que havia feito, mas sim para me desculpar com aqueles a quem tinha tirado a vida, a quem tinha tirado a liberdade, e pedir perdão por ainda estar vivo. É como me disseram uma vez: “É você ou ele no campo de batalha.” Eu havia feito minha escolha, agora era agüentar as conseqüências.
Espero que minha história tenha lhe ajudado de alguma forma, meu neto.

É isso aí!! \0
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xTranGx
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por xTranGx »

qual a importância desse texto pra humanidade????
rsrs
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DeathStalker
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por DeathStalker »

A mesma que seu comentário teve ^^

Como um texto qualquer, isso é um trabalho de ficção. E como qualquer outra obra de ficção (e o fato de ter sido criado por mim mim :p), ele não acrescenta nada para a humanidade. Como o título diz, é só um texto qualquer :p
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Ketsuke
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por Ketsuke »

gostei
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xTranGx
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por xTranGx »

Foi legal msm
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Teka
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por Teka »

xTranGx escreveu:qual a importância desse texto pra humanidade????
rsrs



A importância de refletir sobre algo tão inútil e desprezível quanto a guerra.

Adorei DS!!! É uma maneira da gente se envolver no assunto. Ainda mais agora, que conflitos são coisas tão banais e corriqueiras. Isso pra mim não é e nunca será normal ou certo. Não preciso passar por isso para só depois olhar para e ficar me desculpando...
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"Só se vê bem com os olhos do coração. O essencial é invisível aos olhos"
(St. Exupéry)


"Só se vive realmente quando se ama.
O amor cria o céu dentro de nós e o paraíso ao redor"

(Fala do filme sobre Omar Khayyan, poeta perso)
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DeathStalker
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por DeathStalker »

Teka escreveu:Adorei DS!!! É uma maneira da gente se envolver no assunto. Ainda mais agora, que conflitos são coisas tão banais e corriqueiras. Isso pra mim não é e nunca será normal ou certo. Não preciso passar por isso para só depois olhar para e ficar me desculpando...


Brigado Teka. Acho que é mais ou menos assim mesmo. E os motivos para se entrar em guerra são tão banais, e o motivo que os superiores dão para seus soldados não desistirem da guerra conseguem ser mais banais ainda.

Gostaria que um dia isso terminasse, mas já que não vai, continuemos a seguir em frente, mas as vezes olhando para trás pra ver o que deixamos.
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shaman kb
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Oi

Mensagem por shaman kb »

achei muito fixe o texto.
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Tsukia-senpai
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por Tsukia-senpai »

Que legal..UAU foi você mesmo que escreveu DS????

Bom eu acho que com esse texto dá pra ter uma ideia de tudo que eles sofrem nas guerras... Mas elas são desnecessarias... Se o ser humano não fosse tão ignorante e egoista isso não aconteceria... Mas enquanto não dermos conta disso muitas pessoas ainda morreram desnecessariamente...
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I'm so happy 'cause today I've foud my friends...
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DeathStalker
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por DeathStalker »

Obrigado por lerem, Tsukia-senpai e shaman kb.

Sim, Tsukia-senpai, fui eu mesmo quem escreveu, por incrível que pareça! xD
Mas, tente ver no texto algo além da guerra. Acho que o ponto principal do texto, ao menos para mim depois que reli o mesmo, é que devemos aceitar as decisões que fazemos e aguentar as consequências de nossos próprios atos, não importa quão pesado sejam. Acho que numa "esfera de pensamento" maior, isso é o que mais falta nas pessoas hoje (eu incluso xD).

Mas, claro, este é simplesmente um texto qualquer, como o próprio título diz! xD
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luigialmeida
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Re: Um texto qualquer...

Mensagem por luigialmeida »

Cara, curti.
Muito bom o texto.
Acho que fala muito mais do que guerra... Assim como Sun Tzu pode ser interpretado nos negócios, no amor, no poker, na vida em geral, seu texto também tem o mesmo efeito. Um ex-namorado da sua esposa ou atual namorada poderia ser seu amigo se não fosse ex dela (no meu caso, um ex dela é um grande amigo meu, mas não vem ao caso)... Ou seu adversário numa disputa por uma promoção. Ao mesmo tempo, um cara que você odeia pode se tornar seu melhor amigo numa empresa ou coisa do tipo.

Temos de saber tirar o fundo de qualquer história e você mostrou isso muito bem.

Criança, nós não conseguimos seguir em frente se não olharmos para trás.

Essa frase resume a vida em geral.
As pessoas dizem depois de uma situação ruim: "Vá em frente, não olhe pra trás", mas se vc fizer isso, vai repetir os erros do passado e se dar mal novamente.

O passado está aí pra nos ensinar a não repetir os erros no futuro.
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"Maybe I'm not perfect. Maybe I have a long way to go. But someday... someday I'll be able to stand and walk on my own. Without hurting anyone... and without being a burden."

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Porque quem não conhece Furuba não merece continuar vivendo...

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FUCK YEAH! Ano que vem tem mais.
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