Cotas nas Universidades

Espaço para os que desejam conhecer seus direitos e deveres e se preocupam com o planeta
Responder
Avatar do usuário
kazuo
Kouhai
Mensagens: 234
Registrado em: Sáb Ago 12, 2006 6:12 pm
Localização: Campinas - SP

Cotas nas Universidades

Mensagem por kazuo »

Olá pessoal, como disse no tópico do Alastor, vou postar aqui um texto interessante sobre cotas, n foi feito por mim, mas sim pelo Professor Paulo, do Objetivo de Campinas
postem suas opiniões...
Abraços!

Cotas nas universidades:

1ª) Quantos aqui presentes na palestra são afrodescendentes? --- MINORIA !

2ª) Quantos aqui fizeram escolas públicas? ---- MAIORIA !

O projeto de lei nº 3.627/04, que reserva 50% das vagas nas Universidades Federais para alunos egressos das escolas públicas, negros e índios, está aguardando no momento a sua votação pela Câmara Federal.

No Brasil apenas 44,4% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados no ensino médio.Logo qualquer brasileiro que concluiu o ensino médio pode ser considerado cotista de uma elite.

Temos que discutir aqui os dois lados da questão.

Então talvez em algum momento eu deixe vocês pensando que sou a favor das cotas e em outros momentos que sou contra.

A decisão vai para o debate no final da palestra.

Nos Estados Unidos, uma pessoa de ascendência negra também é considerada negra, ainda que seu antepassado africano esteja tão afastado no parentesco que ninguém a reconheça como afro-descendente olhando sua aparência.

No Brasil, acontece o contrário. Pouca gente lembra que o maior escritor brasileiro era negro. Machado de Assis chegou, no máximo, a ser reconhecido como “mulato”.

O mesmo pode-se dizer do padre José Maurício Nunes Garcia, talvez nosso maior compositor sacro. E contemporâneo do também “mulato” Aleijadinho.

Nossa classe dominante nacional branca, européia e racista não conseguiu apagar a origem negra desses gênios. Então, deu um jeito de dizer que quando ela se manifesta, o faz em sua forma mulata.

A contribuição negra original seria aquela ligada ao trabalho braçal. Sua transformação em manifestação espiritual somente se explica como produto da contaminação pela “cultura superior” do branco. Uma evolução em que negros tornam-se menos negros.

Os exemplos de Machado, José Maurício e Aleijadinho poderiam ser citados como casos em que o talento aflora apesar dos preconceitos. Portanto, provariam o contrário do que quer a política de cotas. Mas, dizer isso seria o mesmo que condenar milhões a permanecer no analfabetismo, na pobreza, na fome, porque os verdadeiros gênios vencem todas as dificuldades.

Os três exemplos citados se fizeram notabilizar apesar de sua condição social de discriminados. Mas se a discriminação não existisse, talvez pudéssemos citar mais 10 ou 20 casos parecidos.

Oferecer vagas em condições especiais para afro-descendentes em universidades é uma forma concreta de fazer pessoas que se escondem sob a condição de “parda”, “mulata”, “escura”, enxergarem a importância de se afirmarem negras.

Florestan Fernandes disse uma vez que no Brasil existe preconceito contra o preconceito. Ou seja, falar mal de negros não pega bem. A cordialidade para com os negros serve como uma nuvem de fumaça que encobre a desigualdade social.

É feio ser racista no convívio social, mas na hora de pagar salários e impor condições de trabalho a coisa não é nem um pouco bonita.

No Brasil os negros trabalham mais, ganham menos e sofrem mais com o desemprego e só 2% dos jovens negros chegam à Universidade, entre os brancos, são 11%.

O reconhecimento da luta dos negros por seus direitos é um elemento fundamental para a luta dos trabalhadores. A grande maioria dos negros pertence à classe trabalhadora. A maioria da classe trabalho é formada por negros.

O racismo interessa à classe dominante, mas é mortal para os dominados.

A exclusão de direitos e conquistas básicas de que a população negra é vítima é uma forma de enfraquecer a resistência de todos os lutadores do povo, brancos ou negros. As políticas de afirmação e compensação voltadas para a população negra colocam uma cunha nestas artimanhas dos exploradores.


Então qual o problema?

O problema maior está na forma e nos vários absurdos existentes no sistema de cotas que está sendo proposto atualmente:

Primeiro: não existe raça pura no Brasil, somos uma "mistura" sem igual no mundo.Sem contar que estamos na contra-mão da ciência, pois já sabemos que é errado a utilização de raça para a espécie humana.

Segundo: a discriminação racial, já inicia-se no momento da inscrição para o vestibular, onde se opta por uma "cor" ou "raça", o que não é justificável, já que potencial, habilidades e capacidades, independem do fator "raça/cor".

Terceiro: a discriminação social somente existe nas universidades, por puro reflexo de um sistema de ensino público falido e arcaico que precisa urgentemente de uma re-estruturação. Enquanto não mudar a estrutura do ensino público, o caos continuará, e conseqüentemente, alunos oriundos de escolas públicas, dificilmente terão chances - a não ser pelo próprio esforço -de ingressarem nas universidades públicas.

Acaba-se aparentemente com o desfalque de negros, pardos e alunos de escolas públicas dentro das universidades, mas, aumentam-se as discriminações sociais, econômicas e mercadológicas para os mesmos.

Resumidamente, adia-se os problemas para mais tarde.

O ensino público continua "podre", mas o "povo", fica feliz - nem percebe que é manipulado - e o potencial humano criativo, fica perdido, na imaginação da criança pobre, que independente de sua "cor ou raça", sonhava com o mundo visto pela televisão, e ainda quem sabe, acreditava, que estudando, podia ter uma vida melhor.

Vocês que estão aqui presentes hoje nesta palestra, e pretendem estudar em uma universidade pública, ou até mesmo privada no Brasil, reparem a sua volta em sua e vejam a gritante diferença entre o número de negros e brancos.

É uma resposta a minha primeira pergunta.

Desigualdade Social?

Basta lembrar que moramos no país que inventou o elevador de serviço.Desta forma as “pessoas de família” não são obrigadas ficar alguns segundos comprimidas no cubículo do elevador com os “serviçais” e seus perfumes baratos.

Também sim, muita desigualdade racial presente.

Recentemente, a USP tem realizado obras na intenção de facilitar o acesso a universidade de alunos portadores de deficiências físicas; entretanto, seus departamentos não estão preparados para receberem os alunos portadores de deficiências visuais, mesmo que sendo estabelecida por lei a obrigatoriedade de tal adaptação.

Seria justo interromper as obras na USP que visam facilitar o acesso de deficiente físico visto que elas não contemplam os deficientes visuais?

É justo suspender a política de cotas porque ela não da conta do todo?

Para aqueles que não sabem, as universidades públicas brasileiras possuem cotas para estrangeiros.


A exemplo do que foi feito para os estrangeiros o governo brasileiro deve é criar mais vagas, estas sim destinadas exclusivamente aos nossos excluídos sejam pela cor da pele, pela condição social ou por ambos.

E porque não se levantaram contrários?

É que a questão dos negros para muitos deve permanecer como está; todos acreditando no mito da nossa “democracia racial” onde somos felizes, pacíficos e ordeiros, e só não se consegue a felicidade, satisfação econômica e realização de sua pessoa enquanto cidadão e ser humano, aqueles que não batalham por ela, pois as condições estão dadas “igualmente” para todos.


Gente Papai Noel e coelhinho da páscoa também existem.


Já li muitos artigos rechaçando as pessoas que fazem uso de roupas com dizeres do tipo “100% negro”, “preto brasileiro” ou “sou afrobrasileiro e negão”, alegando que isto também seria uma forma de manifestação de racismo, só que de ordem invertida.

Estranho, quantas pessoas não desfilam entre nós com camisetas do tipo “MedicinaUSP”, “Poli USP”, “Medicina UNICAMP”, “Direito UNESP”, e não os tratamos como racistas, apesar de a todo momento afirmarem sua condição de superioridade educacional.

É racismo a afirmação da cor que traz na pele?

Não existe uma negação do outro, mas uma afirmação da condição que sou.

Se me afirmo como Universitário, tranqüilo; se me afirmo como Negro sou racista?

Àqueles que ainda insistem em perguntar, para seus padrões de cores eu sou classificado como branco então estou legislandoem função daquilo que considero justo.

A solução final passa pela educação cidadã de todos e não pela separação legal entre brancos e negro.

Se assim fosse, qual a justificativa para não estabelecer cotas raciais em todos os concursos públicos? Nas empresas? Nos partidos?

E nos Parlamentos?

O Parlamento sim tem a obrigação de representar o perfil da sociedade brasileira.


Mas, se por hipótese, na tentativa de inclusão, instituíssemos essa regra em todos os ambientes sociais e de Estado, estaríamos resgatando uma dívida ou segmentando definitivamente a sociedade?

Se o objetivo é a inclusão ou democratização do acesso ao ensino superior, será mais bem tratado com a implantação de cotas socioeconômicas, o que certamente interferirá de maneira objetiva na questão étnica pois no Brasil a pobreza tem cor.

No entanto o modelo único imposto a todas as universidades federais fere a sua autonomia.

Algumas instituições, cada uma a seu modo e ao seu tempo, já implementaram diferentes sistemas.Essas experiências devem ser consideradas.

O projeto de lei merece ser discutido e aprimorado sem preconceitos nem como saída milagrosa da exclusão.

No entanto, a lógica da inclusão no ensino superior deve ser de políticas públicas universais, como a expansão da interiorização, cursos noturnos e ensino à distância, sempre com qualidade.

Ações afirmativas como cursinhos pré-vestibulares, bolsas e cotas só podem ser acolhidas como soluções parciais e temporárias, e desde que também acompanhados de condições para retorço acadêmico, subsídios de alimentação, moradia e transporte aos estudantes carentes.

Muito Obrigado a todos/


Está aberto o debate:


Fontes de Pesquisa:

Folha de São Paulo

O Estado de São Paulo

Jornal do Brasil

Gustavo Balduíno (secretário Geral da Andifes ( Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior).


Florestam Fernandes


OBS:

"Em 2006 seja um cidadão por inteiro.Em 1º de outubro não vote em sanguessuga ou mensaleiro".
Imagem
Imagem
Imagem
Imagem
Dryka^_^

Mensagem por Dryka^_^ »

OI é a primeira vez q escrevo....
Quanto ao assunto, sei q as cotas realmente não cobrem tudo,mas é um modo de começar...
A Unifesp criou 10% de vagas para cotas, e nos novos campis de Diadema e Guarulhos fez um acordo com a prefeitura pra por 3 professores da rede pública nos cursos.
Mas ainda assim é díficil mudar alguma coisa, pois a mudança vem de cima e poucos jovens vao pra faculdade...
Ainda sim as cotas são um meio de mudar já que, pelo menos na Unifesp os alunos de cotas tem, na graduação, notas iguais aos demais alunos, digo isso sendo aluna de cotas....
Quem sabe um dia haja universidade pública para todos...
Avatar do usuário
Keitarou
Senpai
Mensagens: 1257
Registrado em: Sex Jun 23, 2006 10:23 am
Localização: Rio de Janeiro
Contato:

Mensagem por Keitarou »

Acho sim, que parte (de modo algum 50%) das vagas poderia ser reservada para benefício de estudantes da rede pública que tenham demonstrado potencial durante a conclusão do ensino médio, independente da cor ou raça.

Da mesma forma que é injusto o cara estudar 15 anos nas melhores escolas particulares e na hora da universidade entrar para a pública também é errado um cara com menos preparação tirar 5 na prova e passar e outro que tirou 8 não ser aceito...

De qualquer forma é injusto com um dos lados. O que deveria ser feito é uma melhora do ensino público desde as bases. Os melhores professores, com mestrado e doutorado são os que dão aulas nas universidades, os professores das crianças muitas vezes não tem nem formação universitária, isso é horrível.

PS.: Eu só estou terminando a minha graduação hoje em universidade pública porque fui beneficiado por essa lei de 50% por ter sempre estudado na rede pública, mas não é por isso que eu acho justo, tanto que nem comemorei quando entrei...
Avatar do usuário
kazuo
Kouhai
Mensagens: 234
Registrado em: Sáb Ago 12, 2006 6:12 pm
Localização: Campinas - SP

Mensagem por kazuo »

Sem dúvidas eh um tema polêmico, e como o Keitarou falou o ensino deve ser melhorado na base e n ser consertado no meio.

off-topic = N sei se alguém aqui vai prestar enem, mas no caderno de perguntas tem uma assim... "Vc se considera racista?" o.O
Imagem
Imagem
Imagem
Imagem
maah!

Mensagem por maah! »

Sem corajem de ler tudo...

tambem nao intendo mt bem dessas paradas e talz..
mas...
acho que cotas pra negros indios...e ateh MULHERES!! (sim existem em algum lugar...só n lmebro onde haueiAEH)
é a maior vergonha que a educaçao do brasil ja passou...
o maior preconceito...e o maior vacilo
a pessoa tem que entrar por merito proprio...
e n tomar o lugar de alguem que se esforçou mais

mas sou a favor pra alunos que cursaram o ensino basico em escolas publicas...
/o/
Avatar do usuário
Milea
Kouhai
Mensagens: 217
Registrado em: Sex Jun 23, 2006 11:22 am
Localização: Rio

Mensagem por Milea »

É a política de segregação das bases que vem sendo implementado lentamente....

Por isso, não joguem seus votos na privada... Pensem mt bem antes de ir lá votar!
Responder